18 April, 2010

AOS 26 (CANÇÃO Á IMATURIDADE)

AOS 26 (CANÇÃO Á IMATURIDADE)

A gente cresce e aprende somente o que não precisa

O tempo não traz essa maturidade toda.
Pelo contrário, nos deixa mais cegos
E indiferentes ás espumas dóceis do amor
Que correm e escorrem de um mar dentro da alma
Um mar que sequer conhecemos
Um mar que sequer navegamos, por medo
Ou fadiga de espera.

O fato é que não amadurecemos nunca
Pois não somos como as frutas que caem das árvores
Totalmente prontas pra fome do homem.
Nunca estamos prontos pra vida, muito menos para o amor.
Sempre nos falta aquela certeza, aquela verdade.
E sempre nos sobra um sonho incompleto, uma filosofia vã.

O tempo só ressalta ou aumenta nossas limitações....
Já não saímos mais as ruas com medo de uma gripe, um assalto.
Já não temos mais como perspectiva um ideal, mas somente uma mesa de chá.
Já não dizemos nossas verdades na hora em que precisamos dizer.
Chamam isso de maturidade?
Então eu não quero atingir nunca esse ponto.

Quero é continuar inseguro eternamente
Com todas as dúvidas que a alma permitir.
Quero continuar errando, falando absurdos, bobagens
Comendo carne, comendo pão em quantidades.
Quero continuar tendo disponibilidade física para o amor
E para o perdão.

Quero tudo o que a imaturidade pode oferecer:
A felicidade de uma eterna descoberta.

3 comments:

Emilene Lopes said...

Belo texto,bem contemporãneo...
Carinhosamente Mila!

Graça Ribeiro said...

Chicão, será que posso apresentar algumas de suas poesias num Sarau que faremos em Maio, aqui na comunidade? quem sabe vc possa estar presente e nos brindar com algumas de suas poesias. fica aqui o convite. O Sarau de Poesia será em 29 de Maio (diz que vem...)Um abraço e parabéns

Fernanda said...

Adoro suas poesias.