20 October, 2010

ARROGÂNCIA PAULISTA

(Novamente usarei desse espaço para publicar um artigo de minha autoria. O tema dessa vez é a "arrogância paulista")

ARROGÂNCIA PAULISTA

Pro Brasilia fiant eximia (Pelo Brasil faça-se o melhor)- lema do brasão de armas do estado de São Paulo

Na internet, espaço ambiguo de circulação de informações, as vezes surgem ideias que beiram ao mais completo absurdo. Uma delas é a que defenede a independência do estado de São Paulo em relação ao restante do Brasil, existe até um movimento sobre isso (República de São Paulo) com página na internet . Os defensores dessa ideia alegam, entre outras coisas, que “São Paulo carrega o Brasil nas costas”, que o estado paulista estaria bancando “a vadiagem do nordeste”. Argumentos típicos de nazistas e néscios, ou ambos. A credibiliade desse movimento é tanta que até hoje ele foi incapaz de sair do meio virtual e ganhar as ruas ou o congresso, confirmando ainda mais os adjetivos usados anteriormente e delimitando seu espaço á algumas páginas de busca no Google somente.

A origem desses e outros argumentos separatistas ou arrogantes talvez tente se basear em um tipo de leitura equivocada dos indicadores economicos que, de fato, são muito positivos e indicam a privilegiada posição de São Paulo no cenário economico do Brasil. O que se esquece de mencionar é contexto em que essa superioridade paulista se insere: um país, que apesar de inegáveis progressos em muitos setores, ainda possui graves deficiências em moradias e saneamento e indices ainda fracos em temas como a educação e saúde. Ou seja, São Paulo é líder de um cenário frágil, o que – obviamente – não deve ser motivo de orgulho ou mérito.

Outro detalhe: em muitas regiões paulistas (pra não dizer em todas) o tão comemorado progresso passou por mãos,enxadas e sangue de nordestinos, negros, mulatos e índios; figuras muitas vezes descriminadas e zombadas pelos ditos “paulistas legítimos”, cuja arrogância parece ser maior do que qualquer capacidade de reconhecer fatos concretos. Cabe lembrar: uma das principais figuras evocadoas por paulistas são os bandeirantes, que reconhecidamente ampliaram as fornteiras brasileiras, ás custas, obviamente, de muito sangue indígena. Simbolos, herois e figuras as vezes dizem muito a respeito de um povo. Será que esse é um dos casos?

Retomando o assunto progresso econômico, não se pode esquecer que ele traz consigo o desenvolvimento das ideias e opiniões. Foi assim na Grécia Antiga, na Italia renascentista e em outras ocasiões. O estado de São Paulo, todavia, não acompanhou essa tendência ao se consolidar como um reduto do pensamento conservador no Brasil. Não é preciso ir muito longe para descobrir isso. A redemocratização brasileira não deixa mentir.

Desde os anos 80, quando a nação brasileira pôde voltar a reeleger representantes pelo voto, quase todos os estados , pelo menos uma vez, experimentaram governos de partidos de esquerda ou, pelo menos, de orientação popular. São Paulo, “avançada” locomotiva,foi uma das exceções - uma arrogante exceção, diga-se de passagem; uma vez que em território paulista convivem grandes contrastes, como a riqueza da Grande São Paulo,a pobreza do Vale do Ribeira e os conflitos do Pontal do Paranapanema.

Ainda sobre as eleições: o estado de São Paulo tem dado provas cabais do seu progresso intelectual e politico nas duas ultimas eleições para deputados, quando sagrou entre os mais votados políticos do “rouba mas faz”, palhaços, estilistas, cantores de forró, entre outros. Até o estado da Bahia (tão ridicularizado pelos “paulistas de verdade”, que usam os termos “Bahia” e e “baianos” para se referirem generica e pejorativaente tanto ao nordeste quanto aos seus gentilicos) que historicamente abrigou oligarquias de todos os tipos, deu mostras de avanço politico elegendo e reelegendo um governador mais a esquerda.

Em tempo: manifestações de preconceito contra cor, raça, genero e etc, falta de visão da propria realidade atual, idéias separatistas/nazistas, não são certamente frutos de mentes avançadas; muito pelo contrário. Esses “paulistas de verdade”, esquecem do lema expresso no brasão de armas do estado (pelo Brasil faça-se o melhor). Talvez eles preferissem “por São Paulo, faça-se o nazismo”.