12 April, 2013

CARTOGRAFIA PARA FRONTEIRAS INCONSISTENTES


A linha é sempre tênue,

envolve o ódio e o amor,

o tédio e a lembrança.

É difícil perceber a diferença

e quase nunca se entende

porque elas existem.

 

Eu mesmo tenho dúvidas

se as fronteiras que eu

vejo realmente existem,

ou se são obras de minha alma,

que não entende os espaços

e as diferenças.

 

Eu não sei ao certo

se o mapa que utilizo

revela verdadeiramente

a distância das coisas,

das horas, dos corpos, das sombras;

 

eu sei que a linha é sempre tênue,

sei que sobre ela repousa litígio,

repousam personas: o que sou,

o que fui, o que posso ser

e, principalmente, o que não sou.

 

Como formar uma cartografia

dessas coisas que não se articulam?

Como estabelecer uma métrica

para questões que escapam de escalas?

 

A linha realmente é tênue,

porém os traços dessa linha são fortes

e o desejo de ordenar as coisas

é maior do que qualquer certeza,

mas sei que se trata de um desejo

irrealizável.

 

Todavia, sigo desejando

a cartografia

dessas fronteiras inconsistentes...