19 August, 2010

TEMPO VELHO

TEMPO VELHO

Tempo velho rastejando
Gotas brancas e maciças
Sobre os azulejos velhos e vermelhos
Abaixo dos joelhos borbulha
Um novo dia que acorda silenciosamente
Sobre os viadutos...
Margeando o amanhã.

De um lado,
não mais que um resto de vertigem,
faz a rua avançar em segredo,
alheia ao medo, ao tédio, ao descaso.

De outro lado, entretanto,
não é mais a rua que avança
mas a discórdia, o castigo, as solidões.

O tempo velho perfura o outro Tempo
E as maçãs crescem ásperas, sem sabor.
Inconcluso, o presente se solta das coisas
E cai do pomar como idéia sem rumo.
Mas mesmo assim, o Dia se forma
A partir da soma das fomes,
Que margeiam outro amanhã.