MEIA - NOITE
Há óleo, fuligem, sangue.
Há mendigos, mulheres e palavras
esparsas ao vento.
É impossível trazer a tona um sonho,
principalmente quando se perde
a memória
depois de uma queda
ao infinito.
Os faróis abrem o novo dia
com fragmentos
de iluminação.
Sob os olhos insones da noite
como uma tarântula de ferro.
São dois corpos sobre o mesmo vão
da parede, milímetro a milímetro...
E mesmo quando a morte
toca a pele.
A lua pulsa sobre o firmamento.
E o relógio cintila
como o silêncio de um quarto.