14 February, 2006

EXPERIMENTANDO A SINESTESIA DO JAZZ

EXPERIMENTANDO A SINESTESIA DO JAZZ

Meus olhos
A jazz band
Fragmento incerto e consoante,
Golpes de açúcar e chá

A jazz band
Calor ou cume da noite,
Bandeja, estrada ou mesa.
Sem haver filosofia.
Apenas o sal dessas canções
Tempera a têmpera
Elétrica,
Tornando flagrante o despreparo e a inconsistência da lua:
Ritmo de jazz sobre o cosmo
(bailando entre uma e outra ausência,
entre perturbações)

É impossível não se descobrir entre os arranjos,
Tornar-se sinfonia: metade corda, metade trompa.
Sou a música, a fumaça e o jazz.
As leis da física revogadas: espaço? Tempo?
Dois corpos que o ocupam?
A música
A morte.

Dois corpos que bóiam: a morte e o jazz,
O sal e o som que algumas vozes
Tentam prender, e outras procuram inspirar

Meus olhos.
O jazz.
A opaca luz que me esconde
Sou a banda e fluo com ela
Para a luz vermelha de um sonho
Dois corpos que bóiam:
O jazz e a paz vermelha desses litorais,
Antiga casa do interior.
1930,
ainda não nasci mas já converso com os instintos,
com o ritmo de Bourbon e de Coltrane,
Tomo um café e ouço o amanhã:
Entre o algodão e um charuto
1930,
ainda não nasci e já sou um charuto,
um jazz e a banda que escuto até hoje,
entre uns cafés.