06 March, 2013

CONVENCIONOU-SE CHAMAR DE AMOR


Convencionou-se chamar de amor
aquela dor imprevista que nos invade,
aquela lágrima que caiu sem querer,
aquele dia morto em que tropeçamos em todas as palavras;

Convencionou-se chamar de amor
aqueles olhos de espuma que se derramaram sobre a noite,
aquelas estrelas que apenas a miopia reconhece,
aquela luz, aquela luz dos caminhos e das lembranças,

convencionou-se chamar de amor a serenidade no tumulto,
a paz na guerra, a guerra no sonho,
aquela manhã que se interrompeu sem telefonemas,
aquela manhã fora do calendário onde lendas se perpetuam,

convencionou-se chamar de amor a chama do beijo,
o chamado tácito das águas,
a tempestade sobre as cartas românticas,
a lua de Abril sobre um céu de maçãs,

convencionou-se chamar de amor
até mesmo as flores que não convenceram...