pela
janela do trem
observo
a garoa,
recordação
distante de mim mesmo;
do
quanto estou só e ninguém sabe,
do
quanto eu já chorei e ninguém notou...
eu
sempre levava comigo essa culpa:
não
saber amar como os gregos amavam a sabedoria,
hoje
eu sei (e isso aprendi olhando a garoa)
que
saber amar é paz madura
e
eu ainda preciso me despojar
para
chegar até mim mesmo,
no
esmo da noite ou do dia.
eis
que meu peito silencia
quando
constato essa etapa em que me encontro
sirvo-me
do amor e da procura
e
aguardo, passivamente, a tempestade...
possivelmente
ela virá
em
minhas lembranças ou sobre as retinas,
sobre
as úmidas retinas
do
espelho, que reproduzem a miragem desse amor,
desse
amor triste e condicional
(como
certos tipos de liberdade segundo a justiça)
e eis
que vejo pensando e sentindo tudo isso
sem
que o passageiro ao meu lado imagine...
talvez,
aos olhos dele, o mais importante seja a garoa...