Sinto
minha alma 
gritando
em vão 
para
o mundo,
por
um ligeiro segundo
volto
a refletir
se
estou errado 
ou
tudo é pele, 
mas
no próximo instante
meu
semblante muda
e
começo a crer 
que
não é necessário chorar,
mas
– percebendo ou não – 
eu
choro, e meus olhos
encobrem
a janela clara
que
me traz o horizonte, 
sinto
que sou a própria fonte
daquilo
que desejo pro mundo,
ou
uma misera ponte
que
leva á uma jornada de nervos e pele,
e
nesses precipícios que a primavera
guarda
em si mesma, sinto-me ocaso
que
desconhece a força da própria luz, 
entretanto,
crio certas raízes
ao
longo dessa tarde viscosa
que
se concentra sobre meus óculos,
sigo
respirando porque me sei morto,
e
não importa a qualidade do que respiro
até
porque, como os gases, a morte se mostra inebriante,
a
morte se mostra inebriante,
porém
ainda existe o vicio da vida,
que
sacrifica as tristezas de quem já morreu.