16 August, 2012

A RUA QUE PASSA

Olho a rua que passa a poucos metros de mim.
Carros que dançam, passos que palmilham calçadas de barro e de ferro.
Sombras amplas de médios edifícios são ilhas de frescor sobre a tarde a quente.

Os fluxos intensos se alternam a breves vazios, a outros silêncios que liberam a alma para nesgas de reflexão.

Há, um pouco mais ao longe, a ferrovia; cujos trilhos resplandecem no alto da tarde.
Cancelas cancelam carros, mas inauguram vetores de aço, de ferro, de chumbo;
Que descem para o litoral, em uma remontagem dos traços cafeicultores. .

Há novamente o silêncio, e eis que me pego pensando nas próximas horas do dia;
Na casa que me espera após as 8hs, nos ciclos de sonho antes aos meses que se seguem...
Os meses cegos, facas flutuantes.

Interrompo meus conteúdos com uma preocupação trivial:
O horário dos coletivos que, surdamente, se atrasam.

(É preciso atenção...
O poema não pode me tomar por inteiro, talvez eu deixe pedaços dele soltos em mim, ou mesmo no papel; onde há frases que não se formam por completo.)

Sou resultado de todas essas coisas que eu vejo.
Todavia, é difícil entender essas coisas como minhas, uma vez que elas portam outras instâncias;
E um peso de espada que transpassa minhas retinas,
Me fazendo ver apenas metade do que me cerca, me cercando de todos os mistérios
Para que eu não perceba a obra incompleta e a aurora perpétua
Que há de cobrar as ruas provisórias.