22 November, 2013

Para as fronteiras de mim mesmo



Sinto minha alma
gritando em vão
para o mundo,

por um ligeiro segundo
volto a refletir
se estou errado
ou tudo é pele,

mas no próximo instante
meu semblante muda
e começo a crer
que não é necessário chorar,

mas – percebendo ou não –
eu choro, e meus olhos
encobrem a janela clara
que me traz o horizonte,

sinto que sou a própria fonte
daquilo que desejo pro mundo,
ou uma misera ponte
que leva á uma jornada de nervos e pele,

e nesses precipícios que a primavera
guarda em si mesma, sinto-me ocaso
que desconhece a força da própria luz,

entretanto, crio certas raízes
ao longo dessa tarde viscosa
que se concentra sobre meus óculos,

sigo respirando porque me sei morto,
e não importa a qualidade do que respiro
até porque, como os gases, a morte se mostra inebriante,

a morte se mostra inebriante,
porém ainda existe o vicio da vida,
que sacrifica as tristezas de quem já morreu.

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