A linha é sempre tênue,
envolve o ódio e o amor,
o tédio e a lembrança.
É difícil perceber a diferença
e quase nunca se entende
porque elas existem.
Eu mesmo tenho dúvidas
se as fronteiras que eu
vejo realmente existem,
ou se são obras de minha alma,
que não entende os espaços
e as diferenças.
Eu não sei ao certo
se o mapa que utilizo
revela verdadeiramente
a distância das coisas,
das horas, dos corpos, das sombras;
eu sei que a linha é sempre tênue,
sei que sobre ela repousa litígio,
repousam personas: o que sou,
o que fui, o que posso ser
e, principalmente, o que não sou.
Como formar uma cartografia
dessas coisas que não se articulam?
Como estabelecer uma métrica
para questões que escapam de escalas?
A linha realmente é tênue,
porém os traços dessa linha são fortes
e o desejo de ordenar as coisas
é maior do que qualquer certeza,
mas sei que se trata de um desejo
irrealizável.
Todavia, sigo desejando
a cartografia
dessas fronteiras inconsistentes...
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