30 September, 2013

SEGUNDA CICATRIZ DA PRIMAVERA



A primavera costura
sua primeira rosa,
através das rotas
de um sonho, 

a vejo chegar e partir
com a mesma precisão
de aliança, em casamento
com as horas da alma,

pelas portas, pelas janelas,
sobre a pele, entre os pelos,
a vejo fluir (duramente)
como água que não se conhece.

Eis que adentro meu sonho
e nele sinto a primavera,
tudo o que haveria nela,
se eu não fosse o que sou.

E tudo o que haveria em mim
se, um dia, eu pudesse
ser essa primavera fria
que, entre lama e asfalto, se aloja.

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