15 May, 2013

A ARQUEIRA E O ESCRAVO

Sou escravo de teus olhos profundos,
De teus lábios, de tua voz branca.
Sinto-me atado a ti como São Sebastião numa árvore.

Tenho uma flecha no peito.
Tenho uma flecha no ombro.
Sou marcado pelas dores sem remédio.

Atiras mais uma flecha enquanto grito
Sei que ainda não vou morrer, mas
a visão se enevoa, voam meus sentidos,
ouço teu riso...cada vez mais distante.

E a noite cai.

Sinto que continuarei teu escravo em outro mundo.

Sinto que em breve meus braços estarão soltos
e eu poderei sentir sua pele, ampla e imaculada.
Ouvirei teu riso mais de perto,
no intervalo entre minha morte e o Juízo Final.

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