Olha só o amor abrindo espaço entre as nuvens,
Fazendo chover ao contrário, molhando as estrelas. 28 April, 2013
22 April, 2013
CONFISSÃO DE ABRIL
Não
sei se sou poeta o bastante
Pois
só consigo escrever sob inspiração.Não tenho técnica, não tenho estética.
Não tenho nada. Apenas uma alma aberta
Por onde adentram todas as manhãs.
Manhãs que me fazem poeta
Às
portas entreabertas do amor.
18 April, 2013
14 April, 2013
BANQUETE
Os burgueses almoçam
Os cozinheiros não comem
Tenho fome de amor
E a terra tem sede.
Há guerra em fronteiras
Bugueses se servem
De lautos banquetes
Bocas e dentes
Pele, coração e alma.
Tudo se serve na mesa
Na mesa de um mundo tão louco
Há sempre quem queira
Mais um pedaço de pouco
Mas há guerra em fronteiras
E toda a alimentação serve aos soldados.
Porém, os soldados não comem.
Os cães dos soldados se refestelam
Os filhotes desses cães comem soldados.
Tudo se serve na mesa
Na mesa de um mundo tão louco
Mundo em que os burgueses almoçam
Aquilo que os cozinheiros não comem
Carne de alma, carne de gente.
Banquete.
12 April, 2013
CARTOGRAFIA PARA FRONTEIRAS INCONSISTENTES
A linha é sempre tênue,
envolve o ódio e o amor,
o tédio e a lembrança.
É difícil perceber a diferença
e quase nunca se entende
porque elas existem.
Eu mesmo tenho dúvidas
se as fronteiras que eu
vejo realmente existem,
ou se são obras de minha alma,
que não entende os espaços
e as diferenças.
Eu não sei ao certo
se o mapa que utilizo
revela verdadeiramente
a distância das coisas,
das horas, dos corpos, das sombras;
eu sei que a linha é sempre tênue,
sei que sobre ela repousa litígio,
repousam personas: o que sou,
o que fui, o que posso ser
e, principalmente, o que não sou.
Como formar uma cartografia
dessas coisas que não se articulam?
Como estabelecer uma métrica
para questões que escapam de escalas?
A linha realmente é tênue,
porém os traços dessa linha são fortes
e o desejo de ordenar as coisas
é maior do que qualquer certeza,
mas sei que se trata de um desejo
irrealizável.
Todavia, sigo desejando
a cartografia
dessas fronteiras inconsistentes...
09 April, 2013
MOINHOS DO OCASO
Tal qual o milho
O ocaso também passa
Por um moinho,
Mas não é de ferro
(nem de madeira).
Vem do olhar, está
Entre os prédios;
Mas se o milho moído
Se torna farinha,
O que dizer da luz,
Da luz do final de um dia?
Pequenos fragmentos
De iluminação?
Luzes de poste? O que mais?
O ocaso sobre os moinhos
Se transforma em uma farinha de luz
Que alimenta a alma
Por dentro e por fora.
06 April, 2013
CRISTAIS SOBRE O OUTONO
O amor voa sobejamente
entre as aves do céu,
nada com os peixes,
caminha através dos homens,
perde paredes,
ganha inúmeros cristais,
cristais sobre o outono,
o outono da alma.
01 April, 2013
DESCOBERTAS
Eu já descobri tantas vezes
que o amor pode ser
uma benção ou uma prece,
descobri tantas vezes
que o remédio e o veneno
são definidos pela dose,
eu já descobri tantas vezes
que tudo o que eu descobri
é só uma parte do todo,
que tudo depende da extensão
do caminho ou da velocidade
da descoberta,
eu já descobri que meus olhos
só enxergam o que querem
por isso resolvi enxergar
o lado mais claro da rua,
descobri tantas vezes que
não basta enxergar a clareza,
é preciso ser claro com o que se vê,
se permitir a luz da manhã,
a luz da manhã sobre os olhos fechados,
os olhos que não temem se ofuscar
com a luz da rua e do dia.
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