Do que vemos, resta apenas 
as penas do passado,
a culpa talhada na alma,
a palmeira abandonada,
flores macias entre azulejos,
do que vejo, resta muito 
daquilo que outros viram anteriormente
com os olhos manchadas de abismo,
com as miragens do exílio,
imagens do lado de fora,
auroras inteiras se descortinando
ao longo da rua nua,
do que vejo, resta a festa,
o riso estanque que se presta
a uma ironia de palhaço 
em um circo multicor sobre as retinas,
sobre as retinas do deserto,
sobre as retinas do mar,
entre as pálpebras extintas,
do que vejo 
e do que vemos 
resta a miragem do exílio,
a mensagem do ocaso,
ocaso sobre as retinas,
entre as retinas do porto. 
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