não houve curvas que
sustentassem
teu leito, tua alma
s
i
n
u
o s a,
monumento ao sonho
de um povo;
às curvas
das mulheres da praia;
às montanhas do Rio, que
cintilavam sobre a oblíqua fumaça
do seu charuto;
tudo aquilo
que gostavas...
que gostamos, pois és
um de nós....
em seus últimos
instantes
dizem, ainda pensavas
em projetos
(querias estender a
vida
através deles?)
talvez soubesses
que nós
te perderíamos
antes do
necessário...
por isso,
penso eu,
combinavas com o Criador
(mesmo não
acreditando nele)
um
monumento,
um
contrato para outras
obras...
para um
mundo justo,
que não podes ver.
Contudo, não
penses
que deixaste obra incompleta;
deixaste
apenas obras
que vislumbram um Brasil
que se interrompeu,
mas,
sobre o
qual,
por confuso
que pareça,
nutrias
esperança
que, alguns
de nós
- mesmo os fortes -não conseguimos ter
sua
principal obra
(a derradeira)
construiu-se
ao longo de semanas
em um
leito branco
(como
tantos de seus monumentos)
de hospital:
esperança, uma frágil
escultura,
a ser
moldada diariamente
com os
entulhos
da
contradição
1 comment:
Muito bom.
Gostei da construção, Chicão!
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