NOSSAS DESPEDIDAS
Nessa hora em que choram os violinos
Não há precedentes de despedida.
Há olhos que procuram um tempo.
Uma mágica que ludibria a saudade.
Mãos que romperiam com a distância
Se nunca mais existisse a necessidade
De equilíbrio interior, evolução pessoal.
Uma coisa que não é só alma, é vida.
E se encontra presa a nossa carne
Como retratos loucos desse convívio.
Foram anos em que plantamos estrelas.
E hoje colhemos isso: faróis de sonhos.
Nossa memória recorrerá a eles quando
A angústia surgir em nossos corações
Que ainda vive para entender o sentido
Da despedida, afinal já está bem perto.
Nossos olhos nos verão, nós talvez não.
E mesmo assim cada gesto, movimento
Remeterão a saudade
Quando soprar o vento.
21 November, 2007
18 November, 2007
PRA QUANDO VOCÊ CHEGAR (SE VOCÊ VIER)
PRA QUANDO VOCÊ CHEGAR
(SE VOCÊ VIER)
Vou escrever um poema
Com as penas da perdiz
Pra quando você chegar.
Se você vier.
Se você vier
Eu saberei
Que estou no caminho certo,
Em direção a luz.
Depois de uma tarde,
Depois de uma vida
De escuridão.
(SE VOCÊ VIER)
Vou escrever um poema
Com as penas da perdiz
Pra quando você chegar.
Se você vier.
Se você vier
Eu saberei
Que estou no caminho certo,
Em direção a luz.
Depois de uma tarde,
Depois de uma vida
De escuridão.
21 October, 2007
ESPERANDO POR ELA
ESPERANDO POR ELA
Relógio no bolso, passo apertado.
Lua sem sombra.
São quase sete e o meu ônibus não chega.
Motorista, toca em frente.
Não posso esperar.
Se eu não chegar a tempo
Nunca mais eu vou chegar.
Ela já deve estar na praça,
trazendo lírios nas suas duas mãos.
Enquanto eu me aperto
na condução, no meio de gente
que não têm amor.
Deve estar chovendo.
Provavelmente nevará
Se eu não conseguir chegar.
Mas o trânsito empaca outra vez.
No meio da noite que eu sempre quis.
Eu queria passar por cima do acidente.
Para, finalmente, eu poder chegar.
Deve estar nevando.
Provavelmente congelará
Se eu não tiver tempo para chegar.
Relógio no bolso, passo apertado.
Lua sem sombra.
São quase sete e o meu ônibus não chega.
Motorista, toca em frente.
Não posso esperar.
Se eu não chegar a tempo
Nunca mais eu vou chegar.
Ela já deve estar na praça,
trazendo lírios nas suas duas mãos.
Enquanto eu me aperto
na condução, no meio de gente
que não têm amor.
Deve estar chovendo.
Provavelmente nevará
Se eu não conseguir chegar.
Mas o trânsito empaca outra vez.
No meio da noite que eu sempre quis.
Eu queria passar por cima do acidente.
Para, finalmente, eu poder chegar.
Deve estar nevando.
Provavelmente congelará
Se eu não tiver tempo para chegar.
14 October, 2007
11 September, 2007
ACONTECIMENTOS DERRAMADOS NUM POEMA
ACONTECIMENTOS DERRAMADOS NUM POEMA
As rosas alçam vôo sobre os túneis.
O jardim se enche de escamas.
O céu desse dia
acoberta um motim.
As vespas alcançam a pele
entre os estalos da dormência,
por onde adentra o sangue
e vestígios de iluminação.
O tempo segue em paralelo
com os círculos de fogo.
O luar passeia entre os olhos do morcego.
A noite derrama azulejos,
fios elétricos e de construção.
As rosas alçam vôo sobre os túneis.
O jardim se enche de escamas.
O céu desse dia
acoberta um motim.
As vespas alcançam a pele
entre os estalos da dormência,
por onde adentra o sangue
e vestígios de iluminação.
O tempo segue em paralelo
com os círculos de fogo.
O luar passeia entre os olhos do morcego.
A noite derrama azulejos,
fios elétricos e de construção.
04 July, 2007
INSPIRADO EM CHE GUEVARA
INSPIRADO EM CHE GUEVARA
Se em algum momento eu perder a ternura,
venha me consolar.
Venha me consolar
com suas palavras amigas
que falam sempre direto ao coração
e falam mais que um poema
ou qualquer canção.
Por serem ditas no vazio
é que as entendo.
Entendo-as
como se saíssem de mim
e voltassem
para me alimentar a alma.
Entendimento como esse é difícil de se ter:
olhar-se como homem,
além das aparências – refletir-se no outro,
confundir-se com o tempo.
O tempo
que margeia
todas as palavras de consolação.
Se em algum momento eu perder a ternura,
venha me consolar.
Venha me consolar
com suas palavras amigas
que falam sempre direto ao coração
e falam mais que um poema
ou qualquer canção.
Por serem ditas no vazio
é que as entendo.
Entendo-as
como se saíssem de mim
e voltassem
para me alimentar a alma.
Entendimento como esse é difícil de se ter:
olhar-se como homem,
além das aparências – refletir-se no outro,
confundir-se com o tempo.
O tempo
que margeia
todas as palavras de consolação.
O PRESENTE
O PRESENTE
Mais uma vez, passando pela minha vida
através de marcas inefáveis: o presente.
Suas rubras tonalidades se esparramam
pelo vento, atmosfericamente.
Por isso é que afirmam:
Há sangue no firmamento!
A noite segue indiferente.
Mais uma vez, passando pela minha vida
através de marcas inefáveis: o presente.
Suas rubras tonalidades se esparramam
pelo vento, atmosfericamente.
Por isso é que afirmam:
Há sangue no firmamento!
A noite segue indiferente.
16 June, 2007
MEIA - NOITE
MEIA - NOITE
Há óleo, fuligem, sangue.
Há mendigos, mulheres e palavras
esparsas ao vento.
É impossível trazer a tona um sonho,
principalmente quando se perde
a memória
depois de uma queda
ao infinito.
Os faróis abrem o novo dia
com fragmentos
de iluminação.
Sob os olhos insones da noite
como uma tarântula de ferro.
São dois corpos sobre o mesmo vão
da parede, milímetro a milímetro...
E mesmo quando a morte
toca a pele.
A lua pulsa sobre o firmamento.
E o relógio cintila
como o silêncio de um quarto.
Há óleo, fuligem, sangue.
Há mendigos, mulheres e palavras
esparsas ao vento.
É impossível trazer a tona um sonho,
principalmente quando se perde
a memória
depois de uma queda
ao infinito.
Os faróis abrem o novo dia
com fragmentos
de iluminação.
Sob os olhos insones da noite
como uma tarântula de ferro.
São dois corpos sobre o mesmo vão
da parede, milímetro a milímetro...
E mesmo quando a morte
toca a pele.
A lua pulsa sobre o firmamento.
E o relógio cintila
como o silêncio de um quarto.
03 March, 2007
POÉTICA DO COTIDIANO
POÉTICA DO COTIDIANO
As coisas óbvias
escondem camadas de cultura
atráves das imagens do dia.
Um cinema
que a retina absorve.
Os ônibus fornecem uma clareza séria
por onde a paisagem é permanente.
A fumaça dos autómoveis
se confunde com as primeiras nuvens da manhã.
E o céu
estende seu lençol
sobre as chaminés.
Observar esses detalhes esparços e pontuais,
traz uma verdade para as coisas;
mesmo aquelas que não servem
em um poema.
As coisas óbvias
escondem camadas de cultura
atráves das imagens do dia.
Um cinema
que a retina absorve.
Os ônibus fornecem uma clareza séria
por onde a paisagem é permanente.
A fumaça dos autómoveis
se confunde com as primeiras nuvens da manhã.
E o céu
estende seu lençol
sobre as chaminés.
Observar esses detalhes esparços e pontuais,
traz uma verdade para as coisas;
mesmo aquelas que não servem
em um poema.
18 February, 2007
A PAZ
A PAZ
Sobrevoa o horizonte insondável do ser,
feito gaivota nova ao amanhecer.
Está em nós,
criando raiz, ganhando voz.
Como vida louca que se perde em segundos,
na busca por outros mundos.
A paz - certeza de moradia
no teto de uma poesia-
tece histórias que vão renascer
no horizonte insondável do ser.
Sobrevoa o horizonte insondável do ser,
feito gaivota nova ao amanhecer.
Está em nós,
criando raiz, ganhando voz.
Como vida louca que se perde em segundos,
na busca por outros mundos.
A paz - certeza de moradia
no teto de uma poesia-
tece histórias que vão renascer
no horizonte insondável do ser.
09 February, 2007
EMBLEMA
EMBLEMA
Uma gota tão sincera de saudade
inunda a áspera planície
onde jaz o sol da tarde.
A tarde é menor que a vida,
mas não cabe em uma folha de papel.
A saudade é maior que a tarde,
mesmo quando a vida
cabe no papel.
E o sol traduz a planície
para o olhar, que jaz sobre o papel.
Tudo o que fica tem um pouco de saudade,
inclusive a áspera planície;
que não cabe na lembrança.
Uma gota tão sincera de saudade
inunda a áspera planície
onde jaz o sol da tarde.
A tarde é menor que a vida,
mas não cabe em uma folha de papel.
A saudade é maior que a tarde,
mesmo quando a vida
cabe no papel.
E o sol traduz a planície
para o olhar, que jaz sobre o papel.
Tudo o que fica tem um pouco de saudade,
inclusive a áspera planície;
que não cabe na lembrança.
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