TARDE
Tarde ampla, 
se debate com o meu olhar 
e com a saudade de estar em casa 
e nada fazer, 
a não ser poemas.
Poder produzir
meu ócio e meu tempo 
sem relógios ou obrigações.
Andar pelas ruas 
e poder ter comigo essa paisagem: 
transeuntes, casinhas e casarões.
Hotéis fuleiros, mercearias, catedrais 
onde não se reza.
Poder ter a tarde ampla 
e - a partir dela- flutuar em livros, 
sebos e vinis.
Tarde ampla, 
talvez se renove se eu sonhar, 
se eu puder saber que além dela existe outra
e mais outra, 
e mais outra...
E que, a partir de cada tarde, 
surge uma manhã 
e uma noite 
que se aprofundam 
com os olhos.
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